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Vasco um dos pioneiros na inclusão do negro no futebol

História do clube carioca mostra, que a instituição sempre foi engajada na luta pelas classes menos favorecidas desde os camisas negras

Por: Camilo Mesquita e Paulo Machado


Um dos maiores clubes do Brasil, Vasco da Gama, que tem suas raízes fixadas nos subúrbios e na classe operaria, teve um papel fundamental no combate ao racismo e descriminação entre classes no futebol brasileiro nos anos 20. Em 1904, o clube elegeu para presidente um dos símbolos da história da instituição, Cândido José de Araújo, o primeiro negro a presidir uma agremiação esportiva.

Em 1924, o Botafogo, Flamengo e Fluminense deixaram a Liga Metropolitana, e criaram a Associação Metropolitana de Esportes Atléticos (AMAE), com apoio de outros clubes cariocas, com o regulamento que proibia jogadores sem profissão de participarem de seus torneios, e segundo Adílio J. Marques, diretor de memória do Vasco da Gama: “Para que sejamos fieis à verdade, o Vasco não foi proibido de participar da AMEA, e sim lhe imposto uma única condição: a de que eliminassem do seu elenco 12 atletas que haviam passado por sindicância quanto às suas condições sociais, e reprovados. A firmeza pela qual a Diretoria do Vasco reagiu àquele ultraje repercutiu em toda a imprensa e, consequentemente, em toda a sociedade. Muitos dos que interessavam pelo futebol, passaram a simpatizar com o Vasco, tamanho descalabro do que tentaram impor ao nosso Clube (com C maiúsculo, mesmo, quando nos referimos ao nosso)”, explicou Marques. 


Camisas negras

A história do futebol brasileiro talvez não fosse tão vitoriosa e marcante se não houvesse essa resposta histórica dos comandantes vascaínos: “Foi o verdadeiro documento de inclusão social, e que democratizou o futebol no Brasil”, como bem disse certo autor, sem a Resposta Histórica “o futebol brasileiro não teria tido Pelé", explica Marques.

A criação da AMAE transcorreu no ano seguinte após a conquista vascaína do campeonato carioca de 1923, a primeira. Na época o uniforme era preto, com a gola branca e uma cruz vermelha no lado esquerdo do peito, as populares Camisas Negras, e era envergado por jogadores como Nélson, Mingote, Claudionor e Negrito entre outros. E esse time compostos por negros, brancos e mulatos era irresistíveis e quase imbatíveis. A campanha do titulo foi sensacional, 11 vitórias, dois empates e uma única derrota. Foi à primeira equipe marcante do Vasco e se não fosse à coragem de seus comandantes poderia ter tido sua ascensão barrada. 

Para Marques a importância dos camisas negras foi enorme para história do clube: "Porquanto o vitorioso início do futebol vascaíno se deu com esse uniforme e com ele conquistou 05 Campeonatos da Cidade do Rio de janeiro." afirma. Inúmeros craques vestiram esse uniforme e ajudaram a construir a vitoriosa trajetória do Vasco: "Grandes formações usaram as lendárias Camisas Negras. Grandes craques despontaram para o cenário futebolístico nacional no período que o uniforme cruzmaltino ainda não havia incorporado a faixa diagonal. Brilhante, Itália, Fausto, Russinho, Leônidas da Silva, Domingos da Guia foram algumas dessas estrelas", explicou o diretor do Centro de Memória do Vasco da Gama.

A maior identificação entre o Vasco e a sua torcida, foi à construção do estádio de São Januário que teve uma grande ajuda financeira de seus torcedores e sócios, para que o clube tivesse onde jogar. Antes de se mudar para São Cristóvão, o Cruzmaltino mandava seus jogos em Andaraí e a mudança fez o Vasco se aproximar de sua torcida: “O Vasco foi fundado por gente simples, da classe trabalhadora, sem que com isso impedisse a entrada em seu Quadro Social de pessoas abastadas. Entretanto, como durante muitos anos teve sua Sede no Centro da Cidade e, com a construção do Estádio na Zona Norte (São Cristóvão), o Vasco ficou muito próximo do povo, o que, acrescido dos sucessos esportivos, o tornou um Clube de massa. Essa proximidade, muito mais do que geográfica, forjou a identidade do Clube, abarcando todas as camadas da sociedade, notadamente na classe média, seja alta ou baixa. As manifestações cívicas e culturais que ocorreram em São Januário mostraram como o nosso Clube sempre esteve a postos quando da necessidade de servir à coletividade”, comentou Marques.

Atualmente o Vasco mantém suas origens com alguns projetos sociais, atletas e escolas da rede pública. Graças a ações do departamento social do clube:Temos vários Departamentos no Clube que, não obstante suas próprias definições estatutárias têm nas suas dinâmicas um forte viés social. Obviamente, o Departamento Social é o grande líder de ações dessa natureza. Todavia, outros segmentos estão sempre mobilizados para atender os que podem menos, sejam por uma Bolsa para uma prática esportiva, casos dos Departamentos Infanto-juvenis (atletismo e esportes de quadra), de Desportos Náuticos (remo), de Desportos Aquáticos (natação), ou até mesmo o de Relações Especializadas, que administra a visita guiada pelo Complexo de São Januário, ao que denominamos “Tour pela Colina Histórica”. Muitas escolas da rede pública já nos visitaram, e queremos que nos visitem sempre. A elas, e às instituições filantrópicas, oferecemos gratuidade”, disse o diretor.

O Vasco é um dos grandes exemplos, que é possível manter suas origens no esporte sendo um grande pioneiro na democratização do futebol e sempre optando por ajudar quem mais precisa, fugindo a regra da elitização do esporte mais popular do Brasil.


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